O presidente Lula é contra o afastamento do senador José Sarney. Sua posição não decorre só em razão da governabilidade, algo essencial ao país, mas também pela visível manobra como a oposição quer assumir o controle do Senado Federal.
A crise da instituição, de inspiração político-eleitoreira, e que vinha prosperando pela desenvoltura de uns e a omissão de outros, é alimentada em grande parte pela articulação de um poderoso seguimento da imprensa do sul do país, cuja preferência pelo candidato tucano é assumida abertamente.
A verdade é que o grupo de apoio à candidatura de José Serra nunca escondeu o desejo de formar aliança com o PMDB, que tem no senador Sarney um dos mais importantes líderes. Foram muitas as incursões com esse objetivo. Percebendo, porém, que a chegada de Sarney à presidência do Senado trouxe mais força ao grupo aliado do presidente Lula, o que praticamente consolidou a coligação do PMDB com os petistas para as eleições de 2010, os articuladores da candidatura tucana decidiram atacar o ex-presidente numa vã tentativa de fortalecer a ala serrista do PMDB.
Claro que a ação difamatória também busca desgastar a imagem pública do senador Sarney e reduzir o seu expressivo peso político, já que o tomam em definitivo como adversário na sucessão presidencial. Em verdade, tentam lhe impor uma retaliação sob o falso manto de um enfrentamento de cunho moral. Um embuste tão odioso quanto desleal.
Acontece que as falsas denúncias até aqui lançadas perderam força por falta de consistência, e agora precisam de fatos novos que realimentem o pretenso escândalo. Trata-se de um grupo bem estruturado, cuja missão é manter pairando em volta do senador um clima de suspeição e desconforto. E quando ele consegue reunir as provas que desmontariam tais montagens, não consegue expô-las, pois nova insinuação é feita de modo planejado a dificultar a defesa.
É nesse contexto que o equívoco do senador em não relacionar uma casa na declaração de bens ao TER torna-se um prato cheio aos estrategistas da crise, ainda que o erro não revele má-fé. O imóvel sempre esteve declarado à Receita Federal e ao TCU, e é pacífico o caminho para correção do engano nitidamente voluntário: uma posterior declaração retificadora ao TRE.
Embora a assessoria do Senador Sarney já tenha explicado as circunstâncias do equívoco, deixo aqui três indagações: a) que vantagem obteve o senador Sarney com tal equívoco? b) Se já estava declarado à Receita Federal, que outra razão levaria um candidato a não declarar ao TRE o imóvel em que reside? c) Isso mudaria o voto de algum eleitor? Todos sabem que essas informações ao TER em geral são feitas por um contador, quase nunca pelo candidato. Por tudo isso, os que noticiam esse fato como escândalo ficam naturalmente com a obrigação de apontar o proveito econômico ou eleitoral decorrente.
No mais, vale a pena aqui registrar a opinião do líder do PT no Senado, senador Aloizio Mercadante (SP): “O DEM teve a chave do cofre nos últimos 14 anos e agora diz que não tem nada a ver com a crise”. Disse também, que nesse período, o senador Sarney foi presidente da casa por apenas 4 anos. E concluiu dizendo que o DEM tem “uma responsabilidade administrativa imensa” pela crise no Senado uma vez que mantém a primeira secretaria sob seu comando há pelo menos três legislaturas.
Coube, no entanto, ao presidente Lula fazer o resumo de toda essa celeuma. No seu entendimento, a oposição quer ganhar a presidência do Senado no “tapetão”. Disse também que essa manobra só interessa ao PSDB. Com certeza!
Deputado Federal licenciado e presidente da Executiva Regional do Partido Progressista
Artigo publicado no Jornal O Estado do Maranhão - 05.07.09
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